quinta-feira, 25 de março de 2010
Fuja, se souber para onde.
Estou entre a espada e a parede. Deixei de acreditar que o povo é sábio, que a democracia é o pior de todos os sistemas, excepto todos os outros, e que o universo tem horror ao vazio. Pensava que o Santana, que gerou Sócrates, que gerou Ângelo, era a vacina, mas não, afinal era tão só o abcesso que anunciava a infecção. E agora, embalada pelos 35% de portugueses que a Marktest diz que dizem que acham Ângelo o melhor candidato a PM, contra, literalmente, contra, 23% de Rangel, a laranjada vai escolher Ângelo. Porque é jovem, porque é bem aparentado, tem boa dicção, e fez o trabalho de casa. E apesar de não se lhe conhecer obra, ideia, sonho de jeito. Convencidos, como eu, de que os mesmos que votam no socialista Sócrates votarão alegremente no liberal Ângelo. E muitos ficarão contentes, com o cheiro a poder, e poder regionalizado, fragmentado, caótico. Os caciques, os patos-bravos, os cunhistas, os sucateiros, os iupis, os iaus. A fraca gente quer fraco rei. E agora, três coisas podem acontecer: ou Sócrates ganha a Passos, porque se o adversário é Passos não há razão para fazer impeachment a Sócrates, e é uma desgraça; ou Passos ganha a Sócrates com maioria, e é uma desgraça; ou Sócrates e Passos empatam, e é uma desgraça. É como o Euromilhões: há uns pouquíssimos que ganham, mas a esmagadoríssima maioria sai sempre a perder. É lixado ser português.
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