segunda-feira, 26 de abril de 2010

Santa Justiça


Como já foi dito, Santarém era apenas a capital do gótico. Mas agora a terra que até era mais conhecida por ter frustrado a eleição da Joana Amaral Dias, aparta-se de Paços de Ferreira, de Penacova e de Ponte de Lima, respectivamente capitais do móvel, da lampreia e do serrabulho, para ostentar mais um indisputado título: o de capital da justiça intermédia. Portanto, e para irritar Louçãs e quejandos, uma bicapital.

Flores santarenas deixaram comer-se, sendo entregues às dôtoras da propriedade industrial. Moita carrasco! que não se pode com esta concorrência!

Santarém (que de Santa tem pouco, talvez apenas a Igreja de Nossa Senhora da Graça, no seu estilo híbrido, mendicante-flamejante, que é, de resto, o do Portugal socrático) será vítima de mais caudalosas cheias, as processuais, posto que dos autos escorrem lágrimas e lama. Serão torrentes de calhamaços a inundar os noveis juízos. Serão milhares de páginas, algumas em inglês técnico, a submergir diligentes funcionárias. Serão estantes de alfarrábios hermeticamente ocultados em "pens" mais virgens que a Cicciolona (aquela artista de variedades de que o nosso Primeiro não gosta particularmente) a fustigar o que eram manjedouras de equídeos. Justiça cavalar é o que se espera em Santarém. E esperemos sentados. E antes que se faça tarde, o gótico devorará flores que, agora, são rosas...

1 comentário:

  1. Desculpe, mas Portugal socrático? De filósofo? Não será antes socretino? (de polítititicos)

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